segunda-feira, 9 de abril de 2012

O EXTRAORDINÁRIO COZIDO DE SEGUNDA-FEIRA




Durante o auge da Renascença no século XV, a nobreza italiana vivenciou uma grande mudança nos conceitos alimentares. A comida que antes era servida de maneira rudimentar passa a
receber um tratamento especial. Grandes descobertas gastronômicas permitiram que os temperos fossem usados de maneira correta, realçando o gosto dos alimentos.
Além disso, começaram a se preocupar com a apresentação dos pratos. Esse novo conceito de alimentação foi levado para a França por Catarina de Médici, que se casou com o rei Henry II e posteriormente foi rainha da França (1560 - 1563). Em sua comitiva vieram cozinheiros de Florença com todas as suas habilidades e conhecimentos. Fato que mudou drasticamente a história da comida Francesa.

Prático típico desta época é o Boeuf à Bourguignon ou simplesmente, carne bovina à moda da Borgonha, região francesa produtora de vinhos... Originalmente essa receita é chamada de Côte de boeuf charolaise à la bourguignonne (carne bovina do contra filé com um pedaço da costela, de gado charolês a moda da Borgonha). Mas hoje não é dia desta receita...

O cozido é um dos pratos também mais tradicionais da culinária portuguesa. Praticamente todas as regiões tem o cozido como um dos três pratos tradicionais daquela comunidade, apesar das receitas nunca serem iguais.
Especula-seque o cozido à portuguesa tem origem judaica. No Shabat os judeus não podem,
dentre outras coisas, acender fogo e cozinhar. Então cozinhavam na véspera carnes e vegetais, que seriam consumidos após o pôr-do-sol do dia do descanso. Este cozido judaico teria influenciado a cozinha ibérica.
Os que contestam a tese da origem judaica questionam o uso de carnes de porco na receita. Os
defensores justificam como sendo uma forma dos pseudo-ex-judeus driblarem inquisidores e se mostrarem integrados nos novos hábitos cristãos.

Independente da possível origem, uma pesquisa mais detalhada mostra que o cozido era um
prato a ser consumido em festas. Era o prato do Carnaval comemorado na Ilha da Madeira, como também o prato principal nas festas do Espírito Santo nos Açores.

Prato que ganhou batata, milho e outras iguarias típicas e nativas das Américas, do Novo Mundo.
Minha versão para uma despretensiosa noite de segunda-feira: Ragoût de Lundi...
INGREDIENTES:
  • 800g de músculo do traseiro em cubos
  • 2 cebolas cortadas em rodelas
  • 2 cenouras cortada em rodelas
  • 3 batatas médias cortadas em cubos
  • 1 talo de alho-poró picado finamente
  • 1 talo de salsão cortado finamente
  • 2 dntes de alho picados finamente
  • 300 ml de creme de leite fresco
  • 100 g de bacon picados em cubos pequenos
  • Azeite quanto baste
  • 1 colher de sopa de manteiga
  • 1 colher de chá de açafrão da terra
  • Sal e pimenta do reino a gosto
PREPARO:
Em uma panela aquecida com um fio de azeite refogue a cebola, o alho, o salsão e o alho-poró até que eles fiquem translúcidos. a seguir acrescente o bacon e deixe que ele frite em sua própria gordura.
Neste ponto adicione a carne, as batatas e a cenoura picadas, até que a carne mude de cor. Neste ponto adicione água em volume suficiente para cobrir os ingredientes. Mantenha até atingir o ponto de fervura e complete com água até os ingredientes estarem cozidos, além de adicionar um pouco de sal e pimenta do reino.
Assim que os ingredientes estiverem cozidos, adicione o creme de leite, a manteiga, esta última para dar brilho e textura, além do açafrão. Neste ponto, se necessário, corrija o sal e a pimenta.
Eu servi com uma boa fatia de pão italiano! A semana começou bem...

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"Decifra-me ou devoro-te!" - A Esfinge em Édipo-Rei de Sófocles.